O último mês das férias de verão estavam se alastrando com uma velocidade incrível. O que deveria ser só um mês de permanência na casa dos Neitchez, se tornou as férias inteiras. Maggie e Leví insistiram para que eu e Ricard ficássemos, e nós aceitamos de imediato. Nenhum dos dois tinha a mínima vontade de voltar para casa...
Estávamos todos sentados na mesa do café da manhã, quando três corujas marrons entraram pela janela e pararam em frente a mim, Victor e Ricard. Meu estômago deu uma volta completa e afastei o mingau de aveia, perdendo completamente o apetite. Victor e Ricard também encaravam os envelopes, ainda sem abrí-los.
RD: Nada mal. Tirei “A” em Alquimia, mas não esperava nada melhor do que isso...
CN: Nada mal, Vi! – Christine falou sorrindo. Minhas mãos tremiam.
RD: Abre logo isso, Vínia! –Ricard disse impaciente.
RD: Grande novidade... – Ricard disse rindo e apanhando uma torrada.
MN: Parabéns querida. Ótimos resultados. – Maggie falou depois de passar os olhos pelo pergaminho.
VN: Não faz o menor sentido! Quer dizer, faz. Eles devem estar pensando em nos ensinar a atacar uma defesa metódica.
RD: Não sei o que eles estão pensando em fazer, mas que isso está estranho, está! – Ricard concluiu fechando o envelope. – O que é essa outra aí, Lavínia?
De acordo com seu desempenho nas aulas de Herbologia, e seu resultado nos NOM’s, venho por meio dessa anunciar que você é minha convidada para liderar o Clube de Botânica e Herbologia, esse ano. Caso haja alguma objeção, favor me comunicar o mais breve possível.
Mikhail Kalashnikov
Diretor da Ansuz e Professor de Herbologia.”
LN: Ah. Certo. – concordou confuso, abrindo a porta. Vlade olhou de um para outro e então sorriu me dando um abraço.
SV: Já que você decidiu se ver livre de mim dois meses seguidos, vim te ver. Como você está?
LD: Estou bem. Esses são Leví e Maggie. Karl, Christine, Charlotte e Gabrielle. Você conhece os outros dois, certo? – apontei para cada um na mesa. Depois disse para os outros. – Esse é meu irmão, Steven.
LD: Sinceramente? Estava, até antes de você chegar. O que está fazendo aqui?
SV: Já disse. Vim te ver. Você pode não acreditar, Lavínia, mas eu gosto de você como se fosse minha irmã por completo. Quando soube que não ia para casa, vim. E não vai me dizer que você ainda está com raiva de mim, não é?
LD: Para você é fácil esquecer as coisas. Não esqueci. Nunca vou te perdoar por ter procurado o professor Nicolai antes do meu teste vocacional. Foi sujo, baixo, idiota demais! – soltei irritada.
SV: AH Lavínia, quantas vezes vou ter que te falar que só quero o seu melhor?!
LD: Fale quantas vezes quiser. Mas se quer mesmo o meu melhor, faz um favor pra mim? Para de se meter na minha vida! Eu estudei e ainda vou estudar muito para conseguir o que quero. Não preciso de você escolhendo o que é ou não, bom para mim, entendeu?
SV: Não vou mais atrapalhar
LD: É, a gente se vê.
Nos sentamos em um banco na praça principal de Arbanasi. Batia um vento fresco de fim de tarde, e estávamos bem cansados de caminhar. Passamos a tarde toda comprando livros, penas, ingredientes de poções, pergaminhos e tinteiros... Com os pés abarrotados de sacolas pesadas, apenas nos largamos no banco, cada um com um copo de chocolate quente na mão. Ficamos em silêncio um minuto, até Victor perguntar o que estava martelando na minha cabeça.
LD: Não sei.
RD: Como assim, não sabe? Quantas vezes você me disse para tentar uma vaga no clube, por que era muito bom, muito produtivo, etc. Agora que você tem a chance de guiar da sua maneira, você está pensando em recusar???
LD: Não tenho didática nenhuma, Ricard. Não sei liderar.
RD: Lavínia, PELAS BARBAS DE MERLIN! Os alunos do clube são selecionados a dedo! Você não vai precisar ensinar nada! Eles são tão bons quanto você! Você só vai precisar guiar eles. Comandar o que vai ser feito, e quando vai ser feito. COMO vai ser feito eles devem saber muito bem.
VN: Isso aí. Tenho certeza que se o Professor Mikhail te escolheu entre outros tantos, é por que ele sabe que você vai conseguir.
RD: Bom, resolvido o dilema? Vou ao correio despachar uma carta aos meus tios dando notícias. Depois vou voltar para casa. Vocês estão indo agora?
VN: Daqui a pouco vamos. Só quero mostrar um lugar para a Lavínia antes. Nos encontramos lá.
LD: É lindo. – respirei fundo. Tirei da cabeça todos os problemas por uns minutos. Beijei Victor devagar. – Eu te amo.
VN: Desculpa. É a primeira vez que você fala isso.
LD: Eu sei.
LD: Não promete isso. Não promete nada. Vamos só deixar acontecer, ok?
Open up the dirty window
Let the sun illuminate the words that you could not find
Reaching for something in the distance
So close you can almost taste it
Release your inhibition
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins
The rest is still unwritten