Foi difícil para mim e Victor disfarçarmos as olheiras e caras de sono na manhã seguinte. Sorte que toda a família Neitchez estava muito empenhada conversando sobre a festa de noite que não repararam.
Durante a parte da manhã, Christine e eu fomos colher algumas verduras na horta da casa, e depois fomos até a estufa onde Leví caminhava entre as plantas parecendo muito satisfeito.
Assim que entramos, ele acenou para que nos aproximássemos e sorriu.
LD: Visgo do diabo. Claro que sei! Nós estamos estudando ele no clube de herbologia para tentarmos encontrar alguma propriedade medicinal.
LN: Clube de herbologia é? Aposto como Victor não participa dele...
LD: É. Acho que Victor não se interessa muito por plantas. – sorri tentando parecer casual.
CN: Ele não sabe o que perde! Adoro estudá-las. Eu e Karl também éramos dos clubes de herbologia e de Trato das Criaturas Mágicas. Como sinto falta...
LN: Sim, realmente cresce rápido.
LD: Como vão fazer para escondê-lo? Pode ser realmente perigoso se ele crescer demais.
LN: Ainda não pensamos nisso, não é Chris? Ele chegou essa semana e ainda há espaço para ele crescer por aqui... Quando não houver, despachamos uma parte dele para algum amigo maluco do Karl e do Adam.
CN: Ah sim, aposto que vão adorar! – Christine comentou sorridente. – Bom, é melhor eu e Lavínia levarmos logo essas verduras para mamãe antes que ela venha conferir o que andamos aprontando...
LN: Por Merlin! Depressa! Maggie nem pode imaginar que andamos cultivando Visgo do Diabo por aqui. É capaz de ela me matar e morrer logo em seguida!
MN: Obrigada meninas. Chris, pode cortar os tomates para mim por favor? – ela perguntou gentil à filha que concordou pegando um bocado de tomates. Maggie se virou para mim. – Você se importaria de descascar as batatas querida?
LD: Claro que não! – disse de pronto apanhando a bacia de batatas e uma faca. - Me aproximei de onde Ricard e Victor conversavam. – Parem o assunto, por que o assunto acabou de chegar! – disse sorrindo e me sentando entre eles. Victor riu.
RD: Já te disse para deixar com essa mania de achar que o mundo gira em seu redor... – Ricard disse pensativo.
LD: Então se o assunto não sou eu. Qual é?
RD: “A GRANDE FAMÍLIA NEITCHEZ”! Victor estava me fazendo um breve perfil de seus tios, tias e primos... Olha só a foto! – Ricard mostrou a foto em cima da mesa rindo. Estavam ali todos os familiares, de avô e avó, até Gabrielle.
LD: Sério? Pois então pode começar de novo! – falei interessada descascando a primeira batata. Victor riu concordando e pegando fôlego.
VN: Essa é minha avó, Carrie, e esse meu avô Leví. – disse apontando para um casal de idosos no meio, que se abraçavam sorrindo. – Se conheceram no St. Alborghetti, apesar de terem se cruzado em Durmstrang também, por que vovó se formou um ano depois de vovô. Os dois eram medibruxos. Bom, tiveram quatro filhos. O mais velho deles é meu pai, mas esse eu não vou descrever ok? Acho que já deu para vocês o conhecerem bem...
LD: Ok, ok, vocês pode pular. Mas continua por que até agora está interessantíssimo! Medibruxos! – disse descascando uma segunda batata com um tom sonhador. Ricard riu e Victor continuou.
VN: Depois veio tia Valéria. Ela é casada com Anthony, ou o famoso tio Tony. Bom, não há muito mais a falar deles além de: são hilários! Os tios que eu mais gosto, disparadamente. Tia Valéria é coordenadora da Charlotte no Ministério da Magia. Trabalha há anos no Departamento de Cooperação Internacional
RD: Hum, mas ele já fez alguma coisa específica, ou é só implicância? – Ricard perguntou desconfiado e Victor o olhou sério.
VN: Acredite, ele é um saco! Não fala nada inteligente e faz piadinhas idiotas para chamar atenção. Tirando o fato que ele só foi para a Escola Americana de Magia para ser o diferencial, uma vez que todo o restante da família estuda, estudou, ou estudará em Durmstrang!
RD: Ah, certo. – Ricard concordou com um olhar de quem queria rir e me concentrei na batata. Era óbvio que Fabrício já tinha aprontado alguma com Victor, além de ser narcisista rebelde.
VN: Então vem tia Lauren, minha madrinha. – ele apontou para uma mulher loira ao lado do avô. Apesar de aparentar certa idade, era bem bonita ainda. Tinha traços fortes. – Ela se casou com Brian. Ele tinha uma loja de poções. Tiveram uma única filha, Ashley, e dois anos atrás ele morreu envenenado por uma poção que ele mesmo tinha feito. Depois desse acontecimento, tia Lauren raramente ri e leva bastante a sério até as menores das preocupações. É amargurada com a vida, e bastante sistemática. Ashley se parece bastante com Charlotte. É bem introspectiva e também quer ser advogada e está um ano atrás de Jason.
RD: Bom, bonita ela é. Quer dizer, bem bonita! – Ricard a olhou com interesse. Virei os olhos e apanhei outra batata. Victor sorriu.
VN: Por último, tia Agatha. Casada com tio Johnny, mãe de Igor e Andrea. Tia Agatha é a única que seguiu a profissão de meus avôs. Ela também é medibruxa. Tio Johnny é auror. Não são de conversar demais, nem tão animados quanto tia Valéria e tio Tony. Mas são simpáticos. Igor se formou com Charlotte e para orgulho de tio Johnny está fazendo a Academia de Aurores. E Andrea vai começar o 5° ano na Durmstrang, acho que vocês devem estar achando ela familiar...
LD: Hum, bem sabia que a conhecia de algum lugar! – Ricard concordou comigo. – Mas nunca te vi falando com ela... Ela também é um saco? - Ricard riu com gosto. Victor me olhou intrigado.
VN: Não converso com ela por que ela não conversa comigo. A única pessoa que conversa com Andrea são os pais dela e Christine, que algumas vezes consegue arrancar alguma coisa. Muito tímida. Quando passa por mim nem olha, então finjo que não vi também. Ação e reação.
RD: Deve ser estranho. Quer dizer, vocês pegam o mesmo trem todas as vezes, descem nas mesmas estações, se cruzam pelos corredores e salas, e nem ao menos se tratam como familiares?
VN: Já nos acostumamos a nos ignorarmos... – Victor disse franco encarando a foto mais uma vez para ver se não tinha se esquecido de ninguém. Terminei de descascar as batatas e levei até Maggie. Christine e ela riam abertamente enquanto misturavam coisas nas panelas.
MN: Ah, muito obrigada!
LD: De nada... Posso ajudar em mais alguma coisa?
CN: Acho que não, Vínia. Já está tudo sobre controle! – Christine piscou para mim sorrindo. Voltei para a mesa.
RD: E a família da sua mãe? – Ricard perguntou. Karl e Gabrielle que estavam ali perto e tinham parado a partida de bexigas, olharam de imediato para Maggie. Victor paralisou.
VN: Shhh! Aqui não. Venham comigo. – olhei assustada para Maggie, mas ela continuava distraída conversando alguma coisa bastante interessante com Christine, por que continuava a rir. Victor saiu da cozinha puxando uma verdadeira fila. Sentamos na sala.
KN: Desculpem o susto. É por que mamãe realmente não gosta de falar da família dela.
GN: Ninguém sabe nada da família dela. Talvez papai e nossos tios, mas ele não nos conta. Pede para que esqueçamos desse assunto.
RD: Então sua mãe é órfã?
KN: Quase isso. A única coisa que sabemos é que mamãe estudou com tia Valéria em Durmstrang, e quando estava terminando o 4° ano, fugiu de casa. Tia Valéria disse para ir morar na casa dos meus avôs, até que ela arrumasse um outro lugar. Mas então ela foi ficando, e meus avôs se apegaram nela. Até meus tios. E meu pai se apaixonou. Bom... Deu no que deu!
VN: Eles se casaram, mamãe nunca mais voltou à casa dela, e segundo tia Valéria, nunca mais procurou saber dos familiares. Nem o contrário.
GN: E nos tiveram! – Gabrielle concluiu e fez Karl, eu e Victor rirmos. Ricard permanecia sério.
RD: Ela também sabe o que é não ter uma família... – ele falou amargurado e fiquei séria. Victor, Karl e Gabrielle se entreolharam.
KN: Não, ela sabe. Por que a família do papai a adotou como filha também, então ela não sente falta. E como disse papai: Família nem sempre significa o núcleo de pessoas ao qual você pertence por nascença. Significa o núcleo de pessoas do qual você recebe atenção e apoio. – Karl disse. Todos nós continuamos em silêncio. – E acreditem, papai disse isso sem beber conhaque antes! Então é uma filosofia válida!
KN: Já deu pra perceber, Chat.
It’s too late
Was everything you’ve ever said or done not the way you planned?
Mistake