segunda-feira, 9 de julho de 2007

Victor tinha de fato convencido eu e Ricard a passarmos um mês das férias de verão com a família dele. Ou melhor, com a GRANDE família dele. Composta de avôs, avós, tios, tias, primos, primas, genros, noras, mãe, pai, e nada menos do que quatro irmãos!
Os pais e irmãos de Victor vivem em uma casa muito grande, no povoado bruxo de Arbanasi. Quando digo povoado, é povoado mesmo! Arbanasi tem aproximadamente 500 moradores e fica a 4 km de Veliko Tarnovo, cidade onde o restante da família mora.

Os pais de Victor, Leví e Maggie, são búlgaros e ambos, bruxos aposentados. Leví era um famoso advogado bruxo, e Maggie era escritora de livros de feitiços. São casados há quase 30 anos. Hoje em dia, para não caírem em tédio, Leví cultiva uma grande horta e estufas no quintal de casa, e Maggie continua administrando a única livraria de Arbanasi. São pessoas extremamente simpáticas e pacientes.
E os irmãos de Victor... Bem, no mínimo são diferentes!

Karl Leví é o mais velho deles. Tem 25 anos e é dono da loja de animais do povoado. Está sempre de bom humor e pronto para lançar piadas contra os irmãos e demais familiares. Tem pinta de garanhão e Victor me disse que ele nunca teve uma namorada que durasse mais do que três dias.

Christine tem 23 anos. Ajuda o irmão na loja de animais, e o pai a cuidar das estufas e da horta em casa. É calma, adora plantas, animais, e o movimento pacato do vilarejo. Também tem um senso de humor imenso, além de ser muito inteligente.

Charlotte tem 18 anos e se formou em Durmstrang há um ano. Está fazendo estágio no Ministério da Magia, no Departamento de Cooperação Internacional em Magia. Ela é mais fechada de todos eles. Sabe falar cinco línguas e é bastante vaidosa. Ainda assim, sempre foi muito gentil comigo.

Gabrielle é a caçula. Tem 9 anos e é a criança mais comportada que já conheci. Adora ler, cantar, faz jazz, já sabe tocar violino e se diverte com muito pouco.

Quando chegamos a Arbanasi, as férias que começaram bem tumultuadas por conta do ataque dos Comensais ao trem, deram uma guinada incrível para cima. Os pais e irmãos dele pareciam bem dispostos a fazer com que eu e Ricard nos sentíssemos bem à vontade, o que estava sendo desnecessário, pois não demorou nada até que eu me sentisse em casa.

Estávamos todos sentados à mesa, uma semana após o término das aulas. Tínhamos acabado de jantar e a cozinha caiu em silêncio profundo. Ricard suspirou satisfeito, pousando o garfo no prato.

RD: Estava tudo muito bom, Maggie. – a mulher sorriu gentil para ele, servindo-se de um pouco de café com conhaque.
MN: Obrigada querido. Mas tive ajuda. Não sabia que você sabia cozinhar tão bem, Lavínia. – ela continuou sorrindo e olhei constrangida.
LD: Ah, eu engano. Tive que aprender a cozinhar, por que meus pais não sossegam em casa.
MN: Sei como é. E não é culpa deles, sabe? Eu e Leví só estamos tendo tempo para a família agora, que nos aposentamos. Mas antes era uma loucura!
KL: Mas você nunca deixou de cozinhar para nós, mamãe! – Karl disse e Maggie olhou o repreendendo e de volta para mim, que ri.
LD: É, bom... Eu não os culpo de não terem tempo! – afirmei e ela pareceu aliviada.
LN: É o melhor a se fazer. Os pais são a sua ponte do passado ao futuro. – Leví comentou também tomando uma dose de conhaque e segurando a mão de sua mulher. Charlotte deu uma risadinha virando os olhos.
CN: Papai, não vai começar com suas filosofias de novo, vai?
- Deixe ele, Chat. Eu adoro as frases profundas que papai declara após boas doses de conhaque! – Christine sorriu e o pai retribuiu agradecendo. Karl soltou uma gargalhada alta.
KL: Chris, lembra aquele dia que papai nos disse... Hem hem: “Viver com autonomia é produzir a seiva da própria vida”. – Karl imitou a voz do pai e todos riram. – Foi quando abri a loja. Nunca me esqueço da sua cara séria, pai.
LN: Eu sei, eu sei. Vocês realmente nunca se esquecem dos meus ensinamentos! – ele deu uma pausa para terminar o cálice de conhaque então perguntou animado. – O que acham de irmos até Veliko Tarnovo amanhã? É aniversário de sua madrinha Victor, e você conhece a Lauren... Vão dar um jantar na casa de sua avó.

Victor concordou com a cabeça pensativo. Karl, Christine e Gabrielle apoiaram animados enquanto Charlotte ficou séria.

CN: Essas festas de família. Sempre é uma bagunça. Não sei por que tia Lauren não recebe as visitas em sua própria casa...
KN: Puts Charlotte, você está precisando de um namorado! As festas com todos são muito divertidas! – Karl disse e cutucou eu e Ricard. – Na última festa, tio Tony bebeu muito e fez strip-tease em cima da mesa. Foi hilário!

Eu gargalhei e Ricard arregalou os olhos assustado. Victor pigarreou começando a explicar.

VN: Claro que não terminou né? Papai o jogou em baixo do chuveiro gelado a tempo!
CN: Foi muito engraçado!!! Até vovô e vovó choraram de rir!

Ri imaginando a cena. O divertido não era pensar em atos assim. Era pensar nessa família, como um todo, comparada com a minha. Isso sim era bizarro!
Ficamos mais boas horas conversando até Maggie e Leví se despedirem para dormir e começarem com um efeito dominó. Em poucos minutos, todos subiam para seus quartos.

°°°

Tive a impressão de que tinha acabado de fechar os olhos quando senti um par de mãos me sacudindo. Acordei assustada e me sentei quando vi Victor de pijama ajoelhado ao lado da minha cama. Ele tapou minha boca para que eu não gritasse.

LD: Ta maluco?! O que aconteceu? – falei aos sussurros e Charlotte se mexeu na cama. Victor ficou olhando a irmã alarmado.
VN: Vem comigo.
LD: Onde?! Está tarde!
VN: Não vamos sair de casa. Quero te mostrar um lugar...

Ele respondeu ainda olhando Charlotte dormir. Eu me calcei e saímos do quarto de mãos dadas. A casa estava um silêncio profundo e em quase total escuridão. Descemos dois patamares de escadas e chegamos ao térreo. Entramos no escritório e Victor fechou a porta com cuidado, ligando a lamparina. Eu permanecia calada enquanto ele ia até a estante de livros e afastava uma coleção dos livros de feitiços que sua mãe havia escrito para o lado, e puxava uma alavanca atrás.
A estante se moveu para o lado, revelando um túnel escuro. Ele se virou para me olhar.

VN: Vamos!
LD: Para onde esse túnel leva, Vi?
VN: Você quer ver com seus próprios olhos, ou não?

Desisti de fazer perguntas. Segurei novamente a mão dele e entramos no túnel. Ele estendeu a lamparina na nossa frente. Era um túnel largo. O chão de madeira lustrosa e escura. E reparei que não era muito longo, pois não demorou muito e havíamos chegado ao final dele. Era uma sala retangular. A parede de frente era toda tomada por um grande aquário, e as outras possuíam quadros e fotos da família. Tinha uma mesa em um canto com uma máquina de escrever, vários pergaminhos e pastas empilhadas. E no outro canto, uma poltrona parecida com um divã, só que mais larga. Soltei um assovio.

LD: Caramba! Que máximo! Sua casa tem uma passagem secreta e uma sala secreta! – passei olhando os quadros e fotos.
VN: Aqui é onde minha mãe escrevia todos os livros... Eu adoro essa sala. Fico aqui horas fazendo os deveres durante as férias, pensando na vida...
LD: Muito agradável mesmo! – falei descontraída vendo a foto de Karl uns anos mais jovem, usando uma beca vermelha e estendendo satisfeito o diploma de Durmstrang. Sorri. Victor envolveu os braços na minha cintura e me deu um beijo no pescoço. Me virei rindo para ele lhe dando um beijo. – Sossega. Temos que ir dormir e além do mais, estamos na sua casa e...

Só que ele não me deu tempo de completar a frase e me deu outro beijo. E depois outro.

LD: Vi, é sério. Alguém pode acordar. – Tentava em vão fazer ele parar, mas ele continuava beijando minha orelha, meu pescoço, meu ombro. Me sacudi e consegui empurra-lo pra longe. – Sério! Vamos voltar!

Ele me olhou tremendamente impaciente, e me abraçou com mais força ainda, sorrindo.

VN: Estamos no meio da madrugada, todos da minha família estão dormindo, e há meses ninguém vem aqui além de mim! – disse abaixando uma das alças da minha blusa. Não pude deixar de sorrir.
LD: Mas e se...
VN: Lavínia, pelo amor de Merlin! Há quanto tempo não podemos ficar juntos? Você confia ou não em mim hein? Estou dizendo que ninguém vai nos ver aqui, nem perceber que saímos, agora será que dá para parar de me interromper???

Ele perguntou em tom definitivo. Ainda fiquei pensando em possibilidades mas vendo a insistência dele sorri o puxando e arrancando sua camiseta.

And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
Cause sooner or later it’s over
I just don’t want to miss you tonight

Goo goo dolls - Iris

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